O Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Escola de Teatro da UFBA convida para a Aula Inaugural do semestre 2020.1. O evento contará com a aula-palestra do ator e diretor francês Thomas Jolly e acontecerá no teatro Martim Gonçalves.

A vinda de Thomas Jolly a Salvador, marca a primeira visita à América Latina, da maior revelação do teatro francês da última década. O encenador aceitou o convite de Profa. Dra. Deolinda Vilhena, (Coordenadora do PPGAC/ETUFBA a partir do dia 3 de março de 2020) para ministrar a aula inaugural do PPGAC – Programa de Pós-Graduação da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, no dia 9 de março, às 9h no Teatro Martim Gonçalves. A aula-palestra será gratuita, aberta ao público, sem necessidade de inscrição, respeitando o número de lugares do teatro e terá tradução consecutiva do francês para o português realizada pela Aliança Francesa de Salvador.

A visita de Thomas Jolly a Salvador foi possível graças ao apoio da Aliança Francesa de Salvador e do Hotel Villa Bahia.

SOBRE O CONVIDADO

Falar de Thomas Jolly para quem não o conhece é como tentar descrever o indescritível. Como explicar esse misto de elfo e Peter Pan, dono de um olhar cintilante e de um sorriso inabalável? Como explicar para quem nunca viu um de seus espetáculos porque seu nome vem sempre seguido por palavras como formidável, hipnotizante, incandescente, insolente, brilhante, entusiasmado, desconcertante, intrépido entre tantas outras? E isso não apenas na França, mas em países tão diversos quanto a China, a Espanha, o Líbano e a Rússia.  “Onde quer que sejam apresentados seus espetáculos se terminam por uma standing-ovation e os espectadores saem do teatro com a certeza de que Thomas Jolly é um gênio”, como escreveu Igor Hansen-Love para a revista L’Express.

A verdade é que em menos de dez anos ele saiu da sombra para a luz, trocando o status de “jovem esperança do teatro” pelo de diretor disputado por todos. Uma ascensão meteórica para esse “filho do teatro público”, como ele gosta de dizer: “emendei a opção de teatro no ensino médio, o conservatório e a escola do Teatro Nacional da Bretanha, nunca paguei um centavo para aprender minha profissão.”

Thomas Jolly nasceu em 1 de fevereiro de 1982 em Rouen, na região da Normandia, de mãe enfermeira e pai impressor. Aos 11 anos ingressou na Companhia Teatro de Crianças, dirigida por Nathalie Barrabé. Ainda no ensino fundamental, na Escola Jeanne d’Arc, fez a opção por aulas de teatro, e começou a trabalhar sob a direção dos atores do Théâtre des Deux Rives, no Centro Dramático Regional da Alta-Normandia.

Entre 1999 e 2003, cursou a licenciatura em Estudos Teatrais na Universidade de Caen, ingressando depois na Escola de Arte Dramática do Teatro Nacional da Bretanha, em Rennes, dirigido à época por Stanislas Nordey, que tornar-se-á uma de suas maiores referências, assim como a passagem pela escola do TNB proporciona a Thomas Jolly o encontro com nomes importantes do teatro como Claude Régy e Jean-François Sivadier.

Ao final da sua formação, ao lado de alguns atores que acompanharam seus anos de aprendizado, funda um grupo de trabalho: La Piccola Familia, cuja primeira peça encenada foi Arlequin poli par l’amour de Marivaux, em 2007 (remontado em 2011 e em tournée por toda a França desde então com novo elenco). Logo depois foi a vez de Toâ de Sacha Guitry em 2009 (Prêmio do Público, Festival Impatience, Théâtre de l’Odéon, Paris) e Piscine (pas d’eau) de Mark Ravenhill apresentada no Festival Mettre en Scène em 2011 em Rennes.

Mas é a partir de 2010 que Thomas Jolly começa a trabalhar no espetáculo que o levaria ao panteão dos grandes encenadores da França: a montagem de da peça Henry VI de Shakespeare, um espetáculo-rio com 18 horas de duração, três peças, quinze atos, cento e cinquenta personagens, dez mil versos. A criação das duas primeiras partes estreou em 2012 no Trident – Cena Nacional de Cherbourg-Octeville. A terceira parte nasceria no Théâtre National de Bretagne em Rennes (no âmbito do Festival Mettre en Scène) em 2013.

Em julho de 2014, ele cria o quarto e último episódio de Henry VI. O espetáculo é apresentado na íntegra no Festival de Avignon, os espectadores entravam na FabricA às dez horas e saiam às quatro da manhã, atordoados diante de “um espetáculo monumental, desproporcional, irracional, um verdadeiro OVNI teatral”. E aos 32 anos de idade Thomas Jolly se transforma na grande estrela da 68ª. edição do Festival de Avignon.

Os prêmios, Jean-Jacques Gautier da SACD – Sociedade dos Autores e Compositores Dramáticos da França e o Molière de 2015 de Melhor Diretor de um espetáculo de teatro público para Henry VI, não tardam a chegar e consagram Thomas Jolly, que não se deixa fascinar pelo sucesso retumbante e envereda logo num novo processo de criação, Richard III, concluindo assim a tetralogia shakespeariana.

Em julho de 2016 Thomas Jolly, então artista associado no Théâtre National de Strasbourg, sob a direção de Stanislas Nordey, ele dirige Le Radeau de la Méduse, de Georg Kaiser, com a turma de formandos em interpretação da École Supérieur d’Art Dramatique, do Teatro Nacional de Strasbourg. Nesse mesmo ano, por ocasião da 70ª edição do Festival d’Avignon, foi a vez de mostrar com La Piccola Familia, Le Ciel, la nuit et la pierre glorieuse, um folhetim teatral ao ar livre que contava a história do festival em 16 episódios.

A temporada parisiense de 2016-2017 marcará a entrada de Thomas Jolly no mundo da ópera, assinando a encenação de Eliogabalo de Cavalli na Ópera Nacional de Paris (Palais Garnier) e Fantasio d’Offenbach no Opéra Comique.

Em 2018, Olivier Py, diretor do Festival de Avignon, oferece a Thomas Jolly a glória maior para um encenador francês: a abertura da programação do Festival criado por Jean Vilar tendo como palco a Cour d’Honneur do Palácio dos Papas. E é com Thyeste de Sêneca, que será aberta a 72ª edição do maior festival de teatro do mundo, com o jovem encenador aplaudido pelo público e pela crítica.

A temporada 2019/2020 começa com Thomas Jolly dirigindo na Ópera Real de Bruxellas, Macbeth Underworld de Pascal Dusapin, espetáculo que será apresentado em março de 2020 no Opéra Comique em Paris e em maio, do mesmo ano, na Ópera de Rouen.

Quis o acaso que, no dia da estreia mundial de Macbeth Underworld em Bruxelas, Thomas Jolly fosse nomeado por Franck Riester, Ministro da Cultura da França, Diretor do Centro Dramático Nacional Le Quai d’Angers – no Pays de la Loire – onde assumiu suas funções em janeiro de 2020.

Nesse momento ele está em fase de audições para compor o elenco de Starmania, ópera-rock de Michel Berger e Luc Plamondon, com estreia marcada para o dia 6 de outubro no La Seine Musicale em Paris, a direção será de Thomas Jolly – “prodígio da cena contemporânea” como anunciam os produtores e coreografia de Sidi Larbi Cherkaoui, um dos mais estrelados coreógrafos da dança contemporânea.

LINK PARA OS ESPETÁCULOS DE THOMAS JOLLY DISPONÍVEIS NA INTERNET 

Thyeste

https://www.youtube.com/watch?v=C1WmhD4Du1w

Macbeth Underworld

https://www.operaonvideo.com/macbeth-underworld-dusapin-brussels-2019-kozena-nigl-clark/

Fantasio

https://www.dailymotion.com/video/x5cu8vk

Richard III

https://www.dailymotion.com/video/x3oi6qj

Le Radeau De La Meduse

https://www.dailymotion.com/video/x5qaqv7